quarta-feira, 10 de março de 2010

GREVE...MAIS UMA VEZ!




Queridos alunos e colegas,




Estamos vivendo nessa semana o inicio de um período de greve.


Isso me leva a refletir sobre os 22 anos de minha vida trabalhando na escola pública como professora de artes.


Nesse 22 anos tenho defendido a qualidade da escola pública. A escola pública não é gratuita, ela é subsidiada pelos impostos pagos por todos os cidadãos. E em respeito a todos nós cidadãos e contribuintes acredito que temos o direito a usufruir de uma educação de qualidade.


Mais uma vez saímos em greve por uma tentativa de reverter o quadro que vem se tornando cada dia mais difícil.


Claro que na pauta de reinvidicações se encontra o tal aumento de salário. E essa é uma reinvidicação justa. O professor é um trabalhador e como todo trabalhador tem direito a um salário justo!




Confesso que ando sem esperanças que possamos alcançar a qualidade de ensino que nossos alunos merecem.




Mas...


A cada vez que olho para vocês alunos, cada "Bom dia Professora" animado e com um sorriso que escuto de manhã, e mesmo nos momentos que tenho que dar bronca... é aí que minhas esperenças se renovam e que encontro forças para continuar.


Continuar a insistir por uma escola criativa e de qualidade!


Acredito que essa luta acontece todos os dias: na sala de aula, no cotidiano (e é por isso que insito tanto para aproveitarmos a aula!) e acontece também fora da sala de aula, na rua, na greve, em casa, nos sindicatos. Esse é um momento de luta fora da sala de aula. Por que a luta dentro da sala de aula acontece todos os dias e envolve toda a comunidade escolar!




A arte nos inspira em nossa vida e a vida inspira a arte que é produzida.




Nsse momento lembro de dois poetas Vladimir Maiakovsky e Bertold Brecht


Deixo um poema de cada um (porém ha dúvidas sobre a verdadeira autoria do primeiro poema). De qualquer forma espero que ele inspire vocês também.




Um beijo grande a todos e o meu carinho!




Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.


E não dizemos nada.


Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.


E não dizemos nada.


Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.


E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.




- Maiakovski, poeta Russo.




Primeiro levaram os negros.


Mas não me importei com isso.


Eu não era negro.


Em seguida levaram alguns operários.


Mas não me importei com isso.


Eu também não era operário.


Depois prenderam os miseráveis.


Mas não me importei com isso.


Porque eu não sou miserável.


Depois agarraram uns desempregados.


Mas como tenho meu emprego, também não me importei.


Agora estão me levando.


Mas já é tarde.


Como eu não me importei com ninguém .


Ninguém se importa comigo.


- Bertold Brecht (1898-1956).

2 comentários:

Millena Giannini disse...

Concordo com a professora ! (:

E.E. Caetano de Campos - Aclimação disse...

Cris, seu texto me emocionou. A presença dos alunos é o que me move diariamente. A vc e aos nossos colegas todo meu respeito e admiração.

Profª Maria do Carmo